Chamo-me Teodoro, e não sou um vampiro, um lobisomem, ou sequer uma alma penada, quanto mais não seja porque esta história não é dessas. Sou apenas uma pessoa perfeitamente normal, que um dia atravessou uma cortina e começou a sua segunda vida. Esta é bastante parecida com a primeira, só que com outras prioridades. Por regra não mato pessoas mas, se isso der jeito, que mal é que faz? Acreditem, vão gostar mais de mim quando me conhecerem melhor.
terça-feira, 5 de setembro de 2017
Em memória de uma senhora de bons costumes
“Vais sempre recordar este beijo,” disse-lhe eu, “como o melhor da tua vida.”
Não era verdade, mas pelo menos ele seria recordado como o último. Recordação de resto breve, tal como a vida que lhe restava. Enquanto nos colávamos com ardor um ao outro, fiz deslizar suavemente a navalha que tirara do bolso.
A garganta dela era macia, sedosa, e agora escorria sangue. Não creio que ela se tenha apercebido de nada do que se passou, mas a verdade é que me arruinou completamente o fato.
Vivam bem, boas mortes, e sobretudo não sejam apanhados.
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