terça-feira, 5 de setembro de 2017

Em memória de uma senhora de bons costumes

“Vais sempre recordar este beijo,” disse-lhe eu, “como o melhor da tua vida.”

Não era verdade, mas pelo menos ele seria recordado como o último. Recordação de resto breve, tal como a vida que lhe restava. Enquanto nos colávamos com ardor um ao outro, fiz deslizar suavemente a navalha que tirara do bolso.

A garganta dela era macia, sedosa, e agora escorria sangue. Não creio que ela se tenha apercebido de nada do que se passou, mas a verdade é que me arruinou completamente o fato.

Vivam bem, boas mortes, e sobretudo não sejam apanhados.

Sem comentários:

Enviar um comentário